Seu filho não come
direito? É hora de rever os costumes na sua casa
Preparar a refeição com todo o carinho, chamar o filho para
comer, mantê-lo sentado à mesa com os demais para fazer uma refeição em
família. Parece fácil, mas, na prática, a hora de comer pode se transformar em
uma batalha. Para vencer essa luta, pais e mães acabam lançando mão de alguns
artifícios que até parecem resolver no momento, mas se tornam um problema no
futuro.
Veja quais são as situações em que os pais mais se atrapalham na
hora de alimentar os filhos e confira as melhores estratégias para contornar
cada problema:
1 -
Pressionar os filhos a comer mais
Um estudo realizado pela Universidade de Stanford com 62
famílias, que tinham filhos de 2 a 4 anos com alto risco de obesidade, revelou
que diminuir a pressão na hora de comer reduz também o risco de obesidade entre
as crianças. A nutricionista Maria Emília Suplicy, do Hospital Pequeno Príncipe
(PR), explica. "Quando a criança é forçada a ‘limpar o prato’, acaba
perdendo o senso de saciedade."
O QUE
FAZER: Comer bem não é comer muito. Ofereça uma quantidade moderada de
alimentos ao seu filho para que ele se acostume a comer até ficar satisfeito, e
não estufado. Se ainda estiver com fome, vai pedir mais - para a sua alegria!
2 – Inventar
apelidos ou camuflar vegetais
Pesquisadores da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos,
analisaram o comportamento de 147 estudantes, de 8 a 11 anos, durante o recreio
em diferentes escolas americanas. E constataram que crianças comiam mais
alimentos saudáveis quando o nome real deles era substituído por apelidos mais
instigantes, como ‘pequenas árvores saborosas’, em vez de brócolis. Essa é uma
prática comum, assim como camuflar vegetais que não agradam as crianças no meio
da comida. Essas táticas podem até ser eficientes a curto prazo, mas são
prejudiciais. À medida em que a criança cresce, ficará mais difícil
driblá-la, e ela passará a se negar a comer os alimentos.
O QUE
FAZER: Converse com as crianças sobre os benefícios reais trazidos por
alimentos saudáveis. Não é preciso dizer que a cenoura fará com que seu filho
tenha visão de raio-X, por exemplo, basta falar que ela faz bem à visão, a
pele, entre outras coisas. Quanto mais cedo começar essa conversa, mais fácil
será convencê-lo.
3- Mandar as
crianças para fora da cozinha enquanto você prepara a refeição
Fogo, faca, forno. A cozinha é mesmo o cômodo mais perigoso da
casa. Mas especialistas afirmam que cozinhar junto com o filho pode ajudar a
mudar os hábitos alimentares dele e até estimulá-lo a consumir mais verduras e
legumes.
O QUE
FAZER: Sempre com você por perto, seu filho pode, sim, brincar com massas,
lavar uma fruta e ajudar a misturar ingredientes, por exemplo. E mesmo no
cadeirão, ele pode observar você no preparo das refeições. Assim, entre um
prato e outro, vai conhecer os legumes e se interessar por eles. Levá-lo à
feira ou ao supermercado e permitir que ele escolha alimentos também é uma boa
forma de incentivá-lo a ter uma alimentação saudável.
4 - Deixar as
guloseimas longe das crianças e oferecê-las como recompensa
Onde você guarda as guloseimas na sua casa? Esse lugar pode
fazer toda a diferença. Você sabe bem que criança adora tudo que é proibido e
também gosta de brincar de caça ao tesouro, então, esconder doces e guloseimas
pode ser um estímulo.
O QUE
FAZER: Para evitar que seu filho coma guloseimas sem parar, crie regras de
consumo, diga a ele quando e em que situações poderá comer. Isso fica mais
fácil quando a criança ainda é pequena, porque ela se acostumará. Mas, se seu
filho já é maior, deixe os doces para os fins de semana. Se ele pedir mesmo
assim, seja forte e diga não. Também não vale oferecer como recompensa em troca
de um ‘prato limpo’: isso pode fazer com que a criança encare a comida como
vilã.
5 - Oferecer
verduras e legumes sem graça
Se tem uma coisa com a qual todo mundo concorda é que
ensopadinho de chuchu não é um prato que se possa chamar de tentador. Mas dá
para deixar as verduras e legumes um pouco mais atrativos, sim!
O QUE FAZER: O trabalho começa já na hora da compra. Vegetais frescos têm aparência melhor. Cuidado para não deixar aqueles que precisam ser preparados no vapor passar do ponto, desligando o fogo quando eles ainda estão crocantes. E não é preciso decorar cuidadosamente o prato, com carinhas, por exemplo, todos os dias. Como isso também é uma forma de camuflar os alimentos, use a tática com moderação (em dias especiais, por exemplo). Cortar em cubinhos ou em rodelas já é suficiente.
6 - Desistir rápido demais ao oferecer um novo alimento
Pense no milho. Ele pode ser apresentado em diferentes formas:
na salada, cozido, refogado, como bolinho, creme, suco e até bolo. Este é o
exemplo que você precisa seguir em casa antes de dizer que seu filho não gosta
mesmo de determinado alimento.
O QUE
FAZER: Os pediatras aconselham a oferecer o mesmo alimento, pelo menos, de
sete jeitos diferentes e várias vezes. Não é um exagero. A criança pode não
comer no primeiro dia, mas aos poucos, a forma de apresentação ou a curiosidade
vai levá-la a experimentar e ele pode gostar. Mas, se depois de todas as
tentativas ela continuar se recusando a comer, aí sim, você pode dizer que ela
não gosta.
Fontes:
Harriet Worobey, nutricionista e professora da Universidade Rutgers, nos
Estados Unidos, e Maria Emília Suplicy, nutricionista do Hospital Pequeno
Príncipe (PR) - http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,ERT320248-15149,00.html