20 de fev. de 2024

A (re)adaptação escolar pós-Carnaval

No final de janeiro, quando as aulas começaram, seu filho e você deram início à adaptação escolar. Ele chorava muito toda vez que vocês saíam para a escola, ainda não tinha se adaptado aos horários, não gostava da professora nem dos amigos e você, é claro, ficava de coração partido.

adaptação escolar (Foto: Thinkstock)

E quando tudo parecia finalmente estar entrando nos eixos veio o (longo) feriado de Carnaval. Quatro dias de folia depois, chegou a hora de retomar a rotina da escola e o sentimento é de que seu filho (e você também) retornou à estaca zero. Sim, pode não ser só impressão: essas pequenas férias no início da volta às aulas podem atrapalhar bastante.  “A interrupção do processo de adaptação pode sofrer regressão, principalmente se a criança já havia vencido alguma dificuldade, pois os vínculos criados dentro da escola ainda eram tênues”, explica a psicopedagoga Quézia Bombonatto, diretora da Associação Brasileira de Psicopedagogia. Em outras palavras, se o seu filho não estava ainda tão acostumado à professora, aos novos amigos e ao próprio ambiente, bastaram apenas alguns dias de descanso em família para que esses laços que o seu pequeno estava começando a tecer se desfizessem.
Mas nada de desespero. Agora (como sempre!), é momento de lançar mão de uma boa dose de paciência para recomeçar o processo. É preciso retomar a rotina voltando aos horários no período escolar (tanto de acordar, como das refeições, de ir dormir e de fazer as lições), conversar novamente com a criança sobre a escola (tirando todas as dúvidas dela) e talvez até acompanhá-la nesses primeiros dias. O que não vale é tentar retardar esse processo.
Confira abaixo algumas dicas para colocar em prática na véspera da volta às aulas que podem ajudar nesse processo:Muitos pais acabam cedendo aos apelos dos filhos e deixam que a volta às aulas seja postergada para a segunda-feira da próxima semana. “Algumas famílias minimizam a importância do período de reinício das aulas, alegando que os professores fazem revisão do conteúdo do ano anterior e, portanto, o filho não vai ‘perder’ matéria nova”, explica Quézia. Só que essa atitude não colabora com o processo de readaptação à escola. Isso porque a questão principal não é o seu filho assimilar o conteúdo em si, mas retomar o ritmo e, acima de tudo, testemunhar qual é a postura dos pais em relação ao comprometimento com a escola. “Os pais devem sempre mostrar a importância que dão à vida escolar da criança, comprometendo-se com o calendário da escolar”, explica a psicopedagoga. Se nem você levar as aulas a sério, seu filho pode achar que, afinal, a escola talvez nem seja assim tão importante...
- Coloque a criança para dormir mais cedo – nada de ficar acordado até altas horas como no feriado inteiro;
- Não estimule atividades que deixem a criança extremamente casada – não adianta chegar de viagem de madrugada e querer que a criança esteja disposta para ir à escola logo cedo;
- Peça ajuda do seu filho para arrumar o material e o uniforme. Assim, ele começa a se envolver novamente nos preparativos para a escola;
- Seja carinhoso, mas firme. Ir à escola não é negociável, mas com certeza vai trazer um mundo de novas experiências tanto para você quanto para o seu filho.

Fonte: http://revistacrescer.globo.com/Familia/Rotina/noticia/2015/02/readaptacao-escolar-pos-carnaval.html

13 de nov. de 2023

Você sabe brincar com seu filho?

A realidade vivida pelos pais nos dias de hoje é muito diferente da encontrada no século passado. O movimento feminista, a mudança de paradigmas e o mercado de trabalho se abrindo para mulheres, começou a possibilitar outras formas de dinâmica familiar. 

Atualmente os pais tem cada vez menos tempo para seus filhos e, além disso, com péssima qualidade. Chegam em casa com problemas do trabalho, estressados e ainda com muitos afazeres domésticos para dar conta. Isso tudo gera um stress e faz com que os pais dediquem tempo de baixa qualidade aos pequenos. Frente a  isso percebe-se que os pais não sabem estar/brincar com seus filhos de uma forma efetiva e satisfatória. A correia do dia-a-dia, a cabeça sempre cheia de atividades, problemas e metas a cumprir dificulta esta tarefa. Verdade seja dita, realmente é muito difícil cumprir todas as rotina da vida moderna e ainda dispor de tempo para os filhos. Porém, não impossível!
Acredito que algumas dicas possam ajudar a melhorar estas relações, por isso cito abaixo algumas estratégias para ação e reflexão dos pais que se identificam com a situação abordada acima:

- Organize seu tempo dentro e fora do trabalho - imprevistos acontecem, por isso a organização é fundamental. Planeje no final de semana o que pode fazer para brincar com seu  filho, após o trabalho  e no seu horário livre;
- O brincar é essencial para os pequenos, pois possibilita a expressão de conflitos internos. Enquanto brincam fique atento ao seu filho, é uma ótima oportunidade de conhecê-lo melhor. Aproveite a brincadeira você também. Brincar ajuda a relaxar e aliviar as tensões do dia-a-dia. Você sabia?

- Pense o que você gostaria que seu pai/mãe fizesse com/por você, quando você tinha a idade do seu filho - isso ajuda bastante. As brincadeiras de hoje em dia são bem diferentes das brincadeiras dos anos 70, 80, por exemplo, mas quem disse que seu filho não gosta de jogar peteca, bolinha de gude, 5 marias. A maioria das crianças nem conhece estas brincadeiras fantásticas;
-  Seja criativo. As crianças adoram improviso, brincadeiras de movimento com o corpo, faz-de-conta (contos, teatro, fantoches);

- Esteja disponível psiquicamente. Tente deixar de lado, por alguns minutos, pelo menos, os problemas. Entregue-se ao seu filho, à brincadeira. Conecte-se a ele. Seja carinhoso, afetivo, mas firme, quando necessário. Não tenha medo de dizer não. Lembre-se: no brincar também é importante que se estabeleçam limites. Deixe a criança explorar, conhecer, descobrir. Incentive-a. Mas deixe claro que brincadeiras com socos, tapas e que possam machucá-los, você ou a criança, são PROIBIDOS ;
- Corra, pule, grite, vivencie com seu filho a fase mais importante da vida dele, da sua, de vocês. A personalidade da criança se desenvolve até, aproximadamente, 6-7 anos, ou seja, o que ela será no futuro dependerá do que você faz (ou não) hoje por ela. Pense nisso. Criança feliz hoje, adulto saudável amanhã.

Aproveite esse momento para poder dedicar um tempo de qualidade para seu bem mais precioso: seu filho!


Por Rafaella Pelisser
Psicóloga
CRP 07/16972
(51) 9 9882.8988

6 de abr. de 2021

A ROTINA EM TEMPOS DE CORONAVÍRUS

Estamos vivendo uma pandemia, com necessidade de isolamento social! Entendemos o quanto precisamos nos adaptar e nos organizar para este momento se tornar o mais saudável possível. Frente a esta demanda seguem sugestões para lidarmos com este momento tão delicado:

- Organizem a rotina diária: muitas famílias estão trabalhando em home office e precisando dar conta das demanda do lar e das crianças. Sabemos o quanto a rotina é importante para os pequenos e entendermos que, neste momento, ela pode ser fundamental para a saúde mental de todos. A rotina auxilia na redução da ansiedade, uma vez que a imprevisibilidade se torna menos presente. Para construir uma rotina reúna as pessoas da casa, com a criança junto, e organizem uma rotina funcional para sua família. Estabeleça e delimite horários para atividades (tanto as suas, como as da criança) e cumpra-os, dentro do possível. Aproveite o final de semana e faça desta construção um momento divertido!

- Separe um tempo para seu filho: que as criança necessitam (e pedem) atenção já sabemos. Mas você já parou para pensar que seu filho pode estar mais agitado ou irritadiço por estar ansioso com toda está instabilidade que “está no ar"? Dentro da rotina, organize um tempo para estar com seu filho e fazer as atividades enviadas pela escola (faça isso como prioridade - é importante manter este vínculo escolar). Dedique algumas horas do seu dia para estar disponível para seu filho: sem celular, sem trabalho. É comum as crianças chamarem constantemente seus pais, pedindo atenção, pelo fato de que esses não lhes dedicam um tempo de qualidade. Tenho certeza que, dentre as 24h do dia, é totalmente possível disponibilizar 1 hora, pelo menos, para oferecer atenção e amor ao seu pequeno.

- Faça combinados com a criança: apesar de pequenas, as crianças têm capacidade de atendimento muito maior do que imaginamos, por isso, ao estabelecer a rotina diária, combine com seu filho em que momentos você vai poder estar disponível para ele e cumpra-os.

- Conte histórias: os contos funcionam como um ótimo recurso terapêutico, auxiliando os pequenos a expressarem seus sentimentos através das personagens. Aproveite este momento para curtir com seu filho, contando alguma história que vocês gostem e o possibilite a falar sobre os sentimentos “dos personagens”. Ouça e acolha! Será uma experiência incrível!

Espero que estas sugestões possam tornar este momento tão delicado em um período menos ansiogênico. 

É importante nos organizarmos, externa e internamente, e o estabelecimento de uma rotina auxiliará e muito nesta tarefa!

Caso tenha dificuldade nessa organização ou sinta que ansiedade está mais intensa que o normal, procure ajuda especializada.


Por Rafaella Pelisser
Psicóloga
CRP 07/16972
(51) 9 9882.8988

28 de set. de 2020

O desenvolvimento das emoções

Carol do VallePor volta do 15° mês, a criança passa a ter consciência dela mesma. É a fase em que se reconhece no espelho e aprende os pronomes pessoais: eu e meu. É nessa hora, também, que começa a brincar de faz-de-conta. Quando isso ocorre, é sinal de que o cérebro está maduro, pronto para novas emoções, ligadas à idéia de identidade, de ter noção do “eu”. Um desses sentimentos é o constrangimento, que ocorre quando a criança percebe que é objeto da atenção de outras pessoas. Se você está em um grupo e aponta para a criança, ela vai ficar constrangida. Mesmo que o comentário seja positivo. Por isso, às vezes ela se enrola nas suas pernas ou esconde a cabeça quando chega um desconhecido.

Lembra quando você discutiu com o marido, não conseguiu segurar e chorou? Sua filha parou de brincar e veio para perto, passou a mão no seu rosto e disse “fique calma, mamãe”. Sim, ela era capaz de perceber a sua tristeza. Essa emoção é a empatia, a capacidade de se colocar no lugar do outro. É o mesmo que acontece quando ela fica quieta vendo outro bebê chorar. Já a terceira emoção ligada à idéia do eu não é tão positiva: é a inveja, quando a criança já sabe que nem tudo é dela, mas assim mesmo quer.
Por volta dos 2 anos e meio, começa a etapa final do desenvolvimento das emoções. Ela desenvolve padrões de certo e errado. Em razão disso, as emoções morais começam a se desenvolver. São elas: vergonha, culpa, humilhação e orgulho, além do húbris, ou seja, o falso orgulho. É quando alguém acha que vai bem em uma prova, por exemplo, mas, quando sai o resultado, descobre que foi mal. O sentimento aparece quando a pessoa não tem uma idéia clara de quem ela é. Essas emoções são relacionadas a valores, ou seja, para senti-las é preciso ter os tais padrões morais, ter noção de certo e errado. Aqui, mais uma vez, o papel dos pais é fundamental. É você quem vai ensiná-lo que bater no coleguinha é errado, por exemplo. Esse é um dos motivos por que a famigerada palmada é condenada: não dá para dizer uma coisa e agir de maneira diferente. A partir dessa idade, a criança tem a estrutura básica desenvolvida, isto é, já entrou em contato com as principais emoções.

Como agir daqui para a frente? Do mesmo jeito que até agora. Não é preciso malabarismos: apenas estar atento. E, claro, responder às necessidades da criança. “Se os pais agem em resposta às necessidades do bebê, se o deixam feliz e seguro, eles estarão cuidando do desenvolvimento dele”, diz Michael Lewis, diretor do Instituto para o Estudo do Desenvolvimento da Criança, da Universidade de Medicina de Nova Jersey.

Nessa hora, vale também a humildade, diz a terapeuta familiar Daniela da Rocha Paes Peres, de São Paulo. Reconhecer que ser um adulto maduro não é fácil, e que estamos constantemente aprendendo a lidar com nosso próprio mundo emocional. Assim, o ambiente fica mais leve e mais favorável a um bom relacionamento emocional. “Os pais não devem economizar no investimento afetivo”, diz ela. Devem estar disponíveis para o afeto. Afinal, essa é uma história de amor. E amar demais não faz mal, não.


20 de jan. de 2020

Pais, vocês estão preparados para seu filho entrar na escola?

Não pense que só a criança tem de se adaptar ao início da vida escolar. Os pais também precisam de um tempo para assimilar essa nova etapa


Manoel Marques / Produção Cinthia Pergola


Confie na escola
Parece óbvio, mas nem sempre acontece. É o primeiro passo para que a criança também se sinta segura no novo local. “É como se a mãe autorizasse alguém a cuidar do filho dela, e é nessa autorização que o processo de adaptação da família começa a dar certo”, afirma Liamara Montagner, coordenadora de educação infantil. Para que haja confiança, por sua vez, é importante que a escolha da escola tenha sido bem trabalhada. Quando é indicação de amigos ou familiares, fica fácil. Para quem não tem tais referências, esse vínculo se estabelece na medida em que os pais conhecem e se identificam com os princípios que norteiam o projeto pedagógico e a concepção de aprendizagem. E, naturalmente, precisam acreditar nesses valores éticos e morais estabelecidos pela escola.


Converse sempre com a equipe pedagógica
Não só as crianças, mas também os pais têm de ser assistidos no processo de adaptação. Esclarecendo dúvidas e conversando sobre eventuais incômodos, angústias e insatisfações com coordenadores e professores, os pais adquirem intimidade com a escola e se sentem mais confortáveis em relação a ela.

Aproveite a troca entre pais
O processo de adaptação é uma oportunidade de os pais se conhecerem, interagirem e compartilharem sentimentos. Nas conversas, descobrem que as crianças são muito semelhantes entre si e que eles, por sua vez, estão passando pelas mesmas angústias. Ao mesmo tempo, vão criando um vínculo no ambiente escolar. “Mães e pais que têm filhos mais velhos na escola exercem um papel importante nessa hora, pois passam segurança para os que estão sendo recebidos pela primeira vez”, diz a psicopedagoga Edimara de Lima, diretora de escola.

Lembre-se de que conquistas requerem esforços
“Existe uma tendência de os pais quererem superproteger os filhos, evitando ao máximo que sofram. Mas é importante lembrar que o ingresso na escola e as primeiras separações da mãe ou de casa fazem parte do processo de crescimento da criança”, afirma Paula Bacchi, orientadora de escola infantil. Ela acrescenta que os pais devem ter em mente que certas conquistas vêm acompanhadas de dificuldades. Representam também um amadurecimento da criança, e a escola é um excelente ambiente para isso acontecer.

Atente para o tom da separação
Despedidas dramáticas, duradouras e carregadas de emoção são um prato cheio para dificultar a entrada das crianças na escola. Independentemente do comportamento delas, os pais devem procurar dar um tom leve e até mesmo prático às despedidas. Duro, né? Mas é fundamental para que a criança perceba que não existe a opção de um choro segurar o pai ou a mãe na escola por mais tempo.

Preserve a rotina da criança em casa
Não é hora de mudanças de cama, de quarto, retirada de fraldas, chupeta, mamadeira e coisas do gênero.

Adapte-se aos horários e tenha assiduidade
“Nos primeiros dias, a pontualidade na hora de buscar é crucial. Um atraso pode deixar a criança insegura, com medo de que a mãe não volte, e dificultar a despedida e a permanência nos dias seguintes”, diz Edimara de Lima, diretora pedagógica. Mesma pontualidade no início do dia também para que a criança inicie as atividades com o grupo. Evite faltas, para que a criança se insira logo na rotina escolar.

Tenha cuidado com o que diz – e com o que não diz
Algumas armações, por mais inofensivas que possam parecer, costumam atrapalhar significativamente o processo de adaptação da criança. Na despedida, por exemplo, frases como “você vai ficar bem, não é?” ou “você não vai chorar, vai?” acabam sugerindo à criança que tenha comportamentos desse tipo. Criar expectativas exageradas, dizendo à criança que ela vai adorar, que a escola é maravilhosa, que as professoras são fantásticas etc., também pode ser prejudicial, pois pode gerar decepções para o pequeno. Por fim, nunca minta para seu filho (dizendo que vai para um lugar caso vá para outro) e, por mais que ele esteja brincando bem e tranqüilo, nunca vá embora sem se despedir. Isso quebra a relação de confiança com a mãe e pode gerar na criança o medo de ser abandonada naquele lugar estranho.

Choros são normais
O choro não significa que a criança não está gostando da escola. É uma maneira de ela dizer que é difícil se despedir da mãe. Paula Bacchi, diretora de colégio, acrescenta que é comum esse choro terminar assim que as mães viram as costas. Se o lamento se prolongar, vale investigar, claro. Ah, sim, tem muita mãe que também não agüenta as lágrimas. Mas tem de, pelo menos, não deixar a criança ver.

Não demonstre ter dúvidas
Comentários negativos em relação à escola nunca devem ser feitos diante delas. Se a criança perceber a insegurança da mãe, pode tomar o sentimento para si ou ainda se aproveitar da situação e recorrer a chantagens emocionais.

Tenha paciência
A maioria das crianças leva uma ou duas semanas para se adaptar à escola. Há algumas que levam dias e outras, meses. Isso não quer dizer que as de adaptação mais lenta vão gostar menos da escola. Significa apenas que precisam de um pouco mais de tempo. Resta respeitar o ritmo da criança.

Afaste-se por um tempo dos relacionamentos antigos
No caso de crianças que estão mudando de escola, convém, durante o período de adaptação, não incentivar o contato freqüente com amigos da escola antiga. Depois de a adaptação estar bem sucedida, o contato pode voltar a ser como era, mas, no início, é bom dar a chance para o pequeno receber o novo ambiente com certo afastamento da vivência anterior.

Sem culpas ou cobranças
Especialmente entre mães que colocam as crianças cedo na escola por motivos profissionais, a culpa é muito comum. “Mãe trabalhando em período integral é a realidade de muitas famílias, e a criança terá de conviver com isso. Não é um mal, mas um componente da família, que gera satisfação pessoal para a mãe ou, no mínimo, um aumento da renda familiar”, diz a psicopedagoga Edimara de Lima. Por isso, não é caso de se cobrar em relação às dificuldades próprias ou dos filhos.

Respeite as orientações
“É fundamental que os acompanhantes das crianças na adaptação atendam às solicitações passadas pelas professoras e pela coordenação da escola”, diz Liamara Montagner. E nos detalhes. Respeite a experiência da equipe no assunto.

Está tudo bem. Mas acabou?
Um belo dia, a criança chega feliz à escola, despede-se dos pais, fica bem durante todo o período e volta para casa lembrando as coisas boas vividas no dia. A adaptação está concluída? Talvez. É possível que seu filho, que ficou ótimo na primeira semana de aulas, apresente dificuldades na semana seguinte. Outra criança pode apresentar problemas dali a 15 dias ou um mês. Segundas-feiras, voltas de feriados e especialmente de férias também são momentos delicados, em que choros e reclamações nas despedidas podem voltar a aparecer. O importante, então, é os pais, como sempre, conversarem com a escola, que vai atentar também para eventuais jogos emocionais feitos pela criança. Satisfeitos com a escola escolhida, acreditem que é o lugar onde tudo acontece pelo bom desenvolvimento e bem-estar da criança.


25 de nov. de 2019

Faça do seu pequeno um grande Papai Noel

Da empolgação dos pais, parentes e amigos, sobrou a poeira e faltou lugar no quarto. Estou falando da montanha de brinquedos esquecidos num canto, num cesto ou numa caixa. Esse é o cenário do ambiente em que se desenvolvem muitas crianças, principalmente as de classe média. Aproveito essa época do ano em que as pessoas estão mais solidárias para lançar uma ideia: é hora de revirar os armários e fazer uma faxina nos brinquedos em desuso. Vamos ensinar os pequenos a doar os antigos objetos de prazer que, hoje, não significam mais nada.

Psicologicamente, um brinquedo é um instrumento que ajuda a criança a entrar em contato com a realidade. Auxilia na transição entre a fantasia e a realidade, desenvolvendo, principalmente, a criatividade. Quando o objeto não tem mais esse significado, ele acaba perdendo a função saudável. E é hora de passar o brinquedo adiante.

O processo de conscientização não é tão fácil assim. Mesmo sem brincar mais, muitas crianças ficam apegadas aos objetos. Segundo o psicólogo Alexandre Streb, os pais devem dar o exemplo, devem demonstrar desapegado. É importante mostrar para o filho que, quando a roupa não serve mais, ela deve ser doada para uma instituição ou para uma pessoa com poder aquisitivo menor.

– Tem que dizer que o brinquedo que não é mais importante para ele, mas que pode ter uma grande utilidade e dar alegria para outra criança. A criança precisa ser estimulada, e esse processo ajuda a desenvolver conceitos como segurança e autoconfiança.

Streb conta da experiência de uma menina de 6 anos. No Natal passado, ela decidiu doar a bicicleta. O pai foi a uma instituição na Vila Renascença. Perguntou para a responsável pela entidade se ela conhecia alguém que quisesse uma bicicleta e que a família não tivesse condições de comprar. Pai e filha deixaram a bicicleta com aparência de nova, colocaram-na no carro e foram até o endereço indicado. Da porta da casa humilde, saiu a menina. Ela não disse uma única palavra. Os olhos espichados e marejados em direção à bicicleta diziam tudo. Impossível definir qual das duas ficou mais feliz.


Fonte: Ticiana Fontana. Zero Hora - Caderno Meu Filho, de 19/12/2011.

16 de set. de 2019

A importância da educação infantil

A primeira escola não existe para substituir a babá, para apenas tomar conta dele enquanto você trabalha ou para preparar a melhor Festa Junina da sua vida. A escola de educação infantil vai muito além


Beto Tchernobilsky

Ei, você aí: passou do tempo de pensar que criança de 0 a 6 anos não aprende, de fato, na escola, pois “só” brinca.Também não dá mais para achar que é cedo para entender linha pedagógica, diferenciar construtivismo de escola tradicional, saber quem foi Maria Montessori, Jean Piaget ou Rudolf Steiner.Além de descobrir se está perto de casa, quanto custa, como cuida da limpeza, que tipo de alimentação oferece e se trata seu filho com carinho, é hora de identificar como essa escola vai educá-lo. Pois ele aprende desde que nasce que a escola é o ambiente social mais importante depois da família.

Educação infantil pode ser mais importante do que o curso superior? Sim. É quando a criança experimenta o prazer pelo aprender e começa a gostar dela (ou não). A escola aguça a curiosidade da criança e diz a ela “olha que interessante é a vida!”.

Está se achando neurótico por já imaginar vestibular, faculdade e carreira profissional? Não se martirize. O futuro começa agora e por isso é hora de decidir se vai priorizar uma formação humanista em que se preza a criação de um ser crítico e capaz de tomar decisões ou optar por um perfil mais pragmático, em que o foco é o conteúdo, voltado para o vestibular e o êxito profissional. Ou tudo isso junto se for possível. Ou equilibrar.


Escolinha?!

Beto Tchernobilsky

Por essas e outras, chamar de “escolinha” soa pejorativo. O termo não existe à toa. A sociedade demorou a entender que infância é um período importante e as crianças são diferentes em determinadas idades. Para ter uma idéia, faz somente dez anos que o Ministério da Educação — com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases — reconheceu a educação infantil como parte da educação básica de qualquer brasileiro. Isso reflete no que é oferecido às famílias, pois, entre outras coisas, indica ser fundamental a especialização do educador. Significa que educação infantil tem de ir muito além da “tia”, das recreações, do Dia das Mães ou das canções de Natal. O seu filho precisa estar em um local com profissionais especializados que promovam rotinas baseadas em propostas pedagógicas muito bem fundamentadas.“Escola infantil não vive de improviso e não é um parque de diversões”, diz o educador Marcelo Bueno, coordenador pedagógico da escola Estilo de Aprender. Renata Americano vai além: “É o pedaço mais precioso da vida, porque é quando está se formando a identidade da criança!”.

O período se resume em estar com os outros. “Aprendem a ser e a conviver. É a fase do ‘como’: como eu escovo os dentes, como eu lavo as mãos, como eu seguro o lápis, como eu brinco,como eu corro,como eu pulo. Ou seja: ‘como sou’, ‘como devo ser’ e ‘como faço para ser’”, diz Karina Rizek Lopes, coordenadora da Área de Educação Infantil da Secretaria de Educação Básica do MEC. “Além do desenvolvimento físico da criança, também acontece o psíquico e o do caráter”, afirma Quézia Bombonatto, vice-presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia.


Fonte: http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/1%2c%2cEMI1843-15068%2c00.html?preview=S