É inevitável: em algum momento, você perderá a calma. Por mais preparados, tranqüilos, bem-intencionados, bondosos e letrados
nos manuais da vida e das livrarias que sejam o pai e a mãe - arrole aí todos os
outros qualificativos relacionados ao tema que desejar -, em um belo dia eles
perderão a calma, elevarão o tom de voz, serão tomados de profunda irritação ao
repetir pela enésima vez a ordem para o banho e dirão algo de que fatalmente se
arrependerão depois. Nem a própria personificação da serenidade resiste a uma
criança pequena por muito tempo. Resumindo: paciência tem limite.
Na época em que tirou as fraldas, Helena, que completa quatro anos em
outubro, se saiu bem por um período - sem a contenção durante o dia, aprendeu a
segurar o xixi. Dois meses depois, regrediu: chegava a molhar as calcinhas cinco
ou seis vezes em apenas uma hora. Bastava o tempo de a mãe largar a muda molhada
no tanque e voltar, e então já tinha que trocar a menina outra vez. A relação
ficou ruim, e os pais não entendiam o que estava acontecendo. Dias depois,
descobriu-se uma infecção urinária.
- Morri de culpa, né? Entendi tudo, chorei, conversei com ela, pedi desculpas
- lembra Rita de Cássia Osório Gonzales, 36, de Pelotas.
Helena seguiu se mostrando resistente, mesmo depois de medicada e curada. Não
pedia mais para ir ao banheiro e continuava molhando roupas e tapetes.
- Acidente! - avisava a pequena, debochada, quando era descoberta.
- Eu brigava: "Por que você faz isso? Por que não pede? Você sabe!" - conta a
mãe. - Ela enfrenta. Eu bato boca, e ela bate junto. Me estresso mais, dou muita
explicação. O Paulo diz que não pode e resolve. Sou muito de falar, é difícil
ser objetiva - exemplifica Rita, reconhecendo a maior habilidade do marido, o
médico Paulo Henrique da Rosa Gonzales, 40, no manejo das pequenas desavenças do
dia-a-dia.
Com a orientação de uma psicóloga, os bons resultados transpareceram em
poucos dias. Hoje Helena está mais tranqüila e obediente, e as turbulências na
escola ficaram restritas ao ano passado, quando a turma teve três professoras
diferentes. Resta vencer a batalha das refeições. Nutricionista, portanto
promotora dos bons hábitos alimentares, Rita não se conforma com as negativas da
primogênita. O problema não é que Helena recuse qualquer opção saudável à mesa,
mas que às vezes se satisfaça com duas rodelas de tomate ou uma porção de
mostarda refogada no almoço. E só.
- Uma vez aconteceu assim: nós duas gritando, mandei ela sentar, botei de
castigo. "Senta aqui!", "Não sento!", aí eu sentei ela na cadeira e fiquei
segurando, louca para rir, por uns dois minutos - diverte-se a mãe ao recordar.
- Quando eu acho que extrapolo, peço desculpa, converso. Talvez ela não entenda
100%, mas eu falo, e o pai também - complementa Rita.
A criança vai desafiá-lo. Você determina até quando:
Fonte: Zero Hora - Caderno Meu Filho (21/08/2006). |
24 de ago. de 2012
Ai, minha paciência!
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